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Estivemos à conversa com Mariano Marovatto a propósito da edição do registo "Selvagem".

Fenther – Como chega Mariano Marovatto até nos?
Mariano Marovatto – De avião, diretamente do Rio de Janeiro, com este disco na mão chamado Selvagem, recheado de releituras de antigos temas folclóricos brasileiros e portugueses, esquecidos pela nossa memória musical bastante normatizada.

Fenther – Diferenças na tua visão entre a cultura portuguesa e a brasileira?
Mariano Marovatto – Parece que no Brasil somos muito eufóricos para suplantar qualquer grau de tristeza que nos espreita. Em Portugal a melancolia serve para disfarçar uma felicidade muito íntima. Brasil, país do futuro que nunca chega. Portugal, país do passado que nunca cessa.

"Recomendo tudo, principalmente aquilo que não te mandaram escutar, aquilo que você encontra por razões próprias."

Fenther – Tens interesse nas raízes musicais? Muita procura na música tradicional?
Mariano Marovatto– Sim, sempre. A música é omnipresente, nunca caducará. Podemos cantar o que já foi cantado e o que nunca foi.

Fenther – Sentes te selvagem?
Mariano Marovatto– Grande parte do dia, sim.

"Parece que no Brasil somos muito eufóricos para suplantar qualquer grau de tristeza que nos espreita. Em Portugal a melancolia serve para disfarçar uma felicidade muito íntima."

Fenther – Um mundo musical perfeito qual seria?
Mariano Marovatto– Onde ruído e silêncio fossem ouvidos da mesma forma sem serem dispostos em oposição um ao outro.

Fenther – O que te atraiu na música portuguesa? Que bandas podes recomendar?
Mariano Marovatto– Quando a música portuguesa acerta, acerta mesmo. Recomendo aquilo que vocês já devem estar cansado de saber: a Amália, o Zeca Afonso, um tanto de Heróis do Mar, Os Quais, o Norberto Lobo, uma dose de B Fachada, a cena jazz, e tantos outros que preciso descobrir...

Fenther – E brasileiras?
Mariano Marovatto – Com a distância geográfica a música brasileira parece renovar suas forças. Escutar desavisado meus ídolos de sempre, nas ruas de Lisboa, é como ser puxado pelos pés. Recomendo tudo, principalmente aquilo que não te mandaram escutar, aquilo que você encontra por razões próprias.

Fenther – Foi complicado editar este disco?
Mariano Marovatto – Para editá-lo contei com o crowdfunding, lá no Brasil. É trabalhoso, mas ao mesmo tempo te faz pensar e promover o disco ao longo do processo.

Fenther – Ao vivo por onde vais estar?
Mariano Marovatto – Dia 17 de março na Casa Independente, concerto de estreia.

Fenther – Apresentações intimistas ou com banda?
Mariano Marovatto – Eu, no microfone, acompanhado de Alexandre Bernardo, na guitarra.

Fenther – Mensagem final...
Mariano Marovatto – Escute outras coisas, não estas que estás a escutar.

Vitor Pinto



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