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Estivemos à conversa com Mano a Mano a proposito da edição de "Vol.2".

Fenther – Quem são e de onde nos chegam os Mano a Mano?
AS – Eu sou o André, o mano mais novo. Somos dois irmãos, madeirenses, com 10 anos de diferença. Desde cedo despertámos o gosto pela música, muito graças a um tio nosso que tinha uma colecção de discos gigante e que nos oferecia CDs todos os anos no Natal e aniversário. Aos poucos e poucos, esse gosto tornou-se algo mais sério e fomos decidindo, cada um na sua altura, que o que queríamos fazer da vida era tocar guitarra, primeiro com umas incursões pelo Rock e depois mais direccionados para o Jazz. Nessa altura (sempre com 10 anos de distância), mudámo-nos para Lisboa, para estudar e começar a conhecer e fazer parte do meio musical. Foi também aos poucos que o nosso duo se foi tornando mais sério, começámos por tocar em casa, em jeito de brincadeira e também para eu aprender alguns truques com o meu irmão e, de repente, percebemos que este duo tinha qualquer coisa de especial e que tínhamos de sair da sala de estar para mostrarmos a mais gente o que andávamos a fazer. Percebemos que as reacções foram positivas, e isso deu-nos a confiança que precisávamos para acreditar definitivamente em Mano a Mano.
BS – Eu sou o Bruno, o mais velho e sábio! De resto, o André disse quase tudo. Estou em Lisboa desde 1995, com um breve regresso à minha ilha no ano de 1997. Ainda que já tocasse desde os meus 15/16 anos, a 1ª ideia, quando cheguei a Lisboa foi estudar gestão e ainda andei por 2 universidades (Lisboa e Faro), mas rapidamente percebi que a música não seria apenas um passatempo. Inscrevi-me no Hot Clube em 1998, na altura com 22 anos acabados de fazer, e aí tudo começou.

Fenther – A cultura musical nas ilhas tem tido apoios credíveis?
AS– Nós já estamos a viver em Lisboa há alguns anos. Eu há cerca de 10 e o meu irmão há cerca de 20. Apesar disso, mantemos um contacto muito regular com a ilha e, pela parte que nos toca, temos recebido alguns apoios importantes, nomeadamente para este Vol.2, para o qual nos foi atribuído um apoio fundamental para a edição do disco, por parte da Câmara Municipal do Funchal. Sei que há alguns apoios bastante credíveis. Mas também sei que nem sempre é fácil exportar as bandas madeirenses, também por toda a logística que implica viver numa ilha (voos, estadias e etc.).
BS – Como diz o André, estamos cá há muito tempo. Eu saí da Madeira com 19 anos, ainda que tenha regressado aos 20 para lá estar uns meses. O André tem tido uma ligação mais próxima à cultura madeirense, nomeadamente à música tradicional madeirense, e está mais por dentro. O que sei é que há uma nova geração de pessoas a querer fazer coisas, e isso por si só é um apoio à música e à cultura em geral.

"Temos um gosto especial por canções e a principal premissa deste duo é a de escolhermos melodias que nos digam alguma coisa, sejam elas do Duke Ellington, do Fausto ou dos Nirvana."

Fenther – Que outras bandas podemos encontrar por ai?
AS– Há muitas bandas, dos mais variados estilos. Desde Rock, Jazz, Heavy Metal, Pop, Funk até a coisas mais experimentais. Há mesmo muita coisa! Embora, pelo que referi acima, poucas são as bandas conhecidas no continente. O que é mais comum é vermos músicos madeirenses que vieram viver para cá e que se destacam pelo seu trabalho a solo ou em outras bandas.
BS– O conhecimento que tenho de músicos profissionais madeirenses estabelecidos são os que vieram para cá (Lisboa ou arredores). Na Madeira, diria que os músicos tocam em contextos relacionados com o turismo (hotéis, principalmente).

Fenther – Assumem a vossa sonoridade como Jazz clássico ou contemporâneo?
AS– Assumimos tudo! O Jazz é de facto o nosso principal campo de exploração, mas há mais do que isso neste disco. Há temas originais, mais enquadrados no Jazz contemporâneo, com influências de muitos outros estilos; há canções antigas, do chamado Jazz clássico; estão presentes também algumas canções do cancioneiro popular brasileiro e há ainda espaço para alguma tradição madeirense, nomeadamente com a inclusão de um instrumento tradicional, chamado Braguinha. Nós não recusamos nada. Temos um gosto especial por canções e a principal premissa deste duo é a de escolhermos melodias que nos digam alguma coisa, sejam elas do Duke Ellington, do Fausto ou dos Nirvana.
BS– O André falou e disse!

"Ao vivo, temos sempre que possível, um cenário que faz lembrar a sala de estar de nossa casa, onde tudo começou."

Fenther – • Satisfeitos com este "Vol.2"? E o "Vol.1"?
AS– Muito satisfeitos! Este Vol. 2 é só em duo, o Vol.1 era maioritariamente tocado em quarteto com contrabaixo e bateria, mas achámos que em duo a nossa química ficaria mais evidente, e por isso o duo ficaria mais especial. Já estávamos satisfeitos com o Vol.1, mas para este segundo disco trabalhámos mais tempo, em conjunto e com o disco em mente. No anterior, fomos fazendo concertos e às tantas decidimos que tínhamos material para gravar. Neste, temos arranjos mais polidos, mais variedade e mais temas originais.
BS– Muito satisfeitos. Foi pensado e gravado com muita naturalidade. Acho que ficou um disco muito bonito. O vol. 1 teve grande receptividade, para quem nos viu ao vivo ou para quem levou o disco para casa.

Fenther – Por onde vão estar a apresentar este trabalho?
AS– Em Outubro, estaremos na Ilha Terceira, para três concertos inseridos no AngraJazz (dias 3, 4 e 7); no dia 12, é no Teatro Municipal de Bragança (Bragança Jazz) e no dia 13, em Castelo Branco, no Centro de Cultura Contemporânea. Voltamos à acção em Novembro: dia 4, no Cineteatro Grandolense; dia 11, no pequeno auditório do CCB e dia 24, na nossa terra, no Teatro Municipal Baltazar Dias (Funchal). Fechamos o ano no dia 7 de Dezembro, no Museu Nogueira da Silva, em Braga, inserido no ciclo Rum com Jazz e, no dia 9, na cidade de Luanda.

Fenther – Como se apresentam ao vivo? São só os dois?
AS – Sim, como disse anteriormente, neste disco são só os manos, e acho que daqui em diante será maioritariamente assim. Ao vivo, temos também, sempre que possível, um cenário que faz lembrar a sala de estar de nossa casa, onde tudo começou. No fundo, é como receber o público lá em casa, tocando as músicas e falando, contando histórias, explicando um pouco mais da nossa origem e o porquê de certas escolhas para o repertório.
BS– Nem mais, nem menos. Antes pelo contrário.

Fenther – Mensagem final...
AS – Gostávamos muito que viessem aos nossos concertos! Vamos andar de Norte a Sul e ilhas e queremos dar a conhecer a nossa música. Se ainda assim não conseguirem, procurem-nos na internet. Se pesquisarem por 'Mano a Mano Santos' no google, hão de encontrar as nossas páginas de facebook e youtube com muita, e boa informação!
BS – Tenho a certeza, pago um copo se não se confirmar, que sairão do nosso concerto bem mais contentes.

Vitor Pinto



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