A.A.A.
Access All Areas




Estivemos à conversa com The Dirty Coal Train a propósito da edição de "Portuguese Freak Show".

Fenther – Quem são e de onde chegam os The Dirty Coal Train?
The Dirty Coal Train – Os The Dirty Coal Train são o instrumento onde o Ricardo e a Beatriz expressam o seu gosto pelo garage, punk, surf, blues e rock e que ao vivo se fazem acompanhar de um baterista consoante a disponibilidade de amigos benevolentes. Chegam de Viseu por intermédio do Ricardo e tiveram várias formações até estabilizarem neste modo de funcionamento peculiar.

Fenther – Que fizeram musicalmente antes de chegar até este "Portuguese Freak Show"?
The Dirty Coal Train– Ambos começámos a tocar aos 15 anos por isso vamos tentar resumir. Antes de Dirty o Ricardo gravou e editou com Gibberish, Funny Bunny, An Octopus in the bathtub e Puny. A Beatriz tocou e editou com Muses Land, Huckleberry Finn e No No. Ambos tocam e gravaram em duo em Tiger Picnic. Com Dirty editaram 5 LPS (um deles de demos caseiras “Kirby Demos”) e 5 singles em 7” tudo em vinil.

"Quem nos conhece sabe que ao vivo tentamos sempre manter as coisas simples e dar tudo. "

Fenther – Sem levantar muito o pano e em poucas palavras, falem um pouco sobre este registo?
The Dirty Coal Train– “Trata-se de um álbum em que decidimos colaborar com amigos com os quais tocámos nestes últimos anos desde gente que tocou/toca nos Dirty como é o caso de Carlos Mendes (dos Twist Connection, ex-Tédio Boys, Ex-Bunnyranch), Ana Banana (Cabeça de Peixe, Dirty Coal Train) e Nick Suave (dos The Act Ups, Nicotine's Orchestra, ex-Balyhoos) ou de pessoas que admiram como Ondina (ex-Pop Dell Arte, Great Lesbian Show), Fast Eddie Nelson (Big River Johnson, Fast Eddie & the Riverside Monkeys), Captain Death (Tracy Lee Summer), Mário Mendes (Conan Castro & the Moonshine Piñatas), Old Rod Coltrane (Puny e ex-the Dirty Coal Train), Miss Volatile (DeCanja), Johnny Intense (The Act-Ups), Sérgio Lemos (Great Lesbian Show, Dr Frankenstein, Canal Caveira), Stephane Alberto (Canal Caveira, Duendes do Umbigo), Jorge Trigo (Quarto Fantasma), Carlos Dias (Subway Riders, Wipeout Beat), Eduardo Vinhas (ex-Pop Dell’Arte), Ricardo Martins (Lobster, Jiboia, Pop Dell’Arte),...

Fenther – Como identificam o vosso som?
The Dirty Coal Train– O núcleo duro é garage punk (ou seja, rock de inspiração nos anos 60 e 50 com a energia e barulho do punk), com uns salpicos de outras coisas que gostamos: surf, blues, exótica, rockabilly,... sempre associado a uma estética DIY.

"Os The Dirty Coal Train são o instrumento onde o Ricardo e a Beatriz expressam o seu gosto pelo garage, punk, surf, blues e rock."

Fenther – Inspirações nascem onde?
The Dirty Coal Train– Numa necessidade de fazer música para manter a sanidade mental e claro que influenciada por bandas que nos marcaram como sejam Stooges, Oblivians, Dead Moon, Gories, Man or Astro-Man, Half Japanese, Birthday Party, Captain Beefheart, Pussy Galore, Cramps, Blues Explosion, Chrome Cranks, The Scientists, the Sonics, Jonathan Richman & Modern Lovers, Billy Childish / Headcoats, Standells, Howlin Wolf, Ramones, Hasil Adkins, R. L. Burnside, Junior Kimbrough, Doo Rag / Bob log III, T-Model Ford, Muddy Waters, ...

Fenther – Quem são os convidados deste disco? Amigos de longa data?
The Dirty Coal Train– De longa data e mais recentes, mas “amigos” é a palavra chave! Preferimos meter alguém no disco que nunca tocou e não faz ideia do que fazer mas que consideramos amigo ou nalguns casos “família” do que convidar um virtuoso para executar algo na perfeição.

Fenther – E em palco... Quem estará convosco?
The Dirty Coal Train – Já esteve o Marky Wildstone directo do Brasil, vamos fazer umas datas com o Carlos Mendes com o Mário Mendes e com Nick Suave. Vamos manter o nosso concerto habitual: tentar dar tudo no rock e garage punk bem suado em trio. Pensámos que haverá pessoas que pelo conceito do álbum gostavam de um coisa mais circense com todos os convidados, mas a logística que isso implica e o facto de sermos uns tesos sem dinheiro torna esse facto quase impossível. Por outro lado agrada-nos manter a nossa identidade: quem nos conhece sabe que ao vivo tentamos sempre manter as coisas simples e dar tudo.

Fenther – Como correu a vossa recente tour europeia? Produtiva?
The Dirty Coal Train– Excelente, foi a nossa primeira vez em Itália e trouxemos amizades que é o melhor que pode acontecer em tour!

Fenther – E por cá... Por onde vão estar em cima do palco?
The Dirty Coal Train– Próximas datas confirmadas são estas e serão em Portugal e Espanha:
18 de Maio - Barracuda, Porto
19 de Maio - Crapula Club/ Sala Mardi Gras, Corunha, Espanha
25 e 26 de Maio - Raiz, Ponta Delgada ,São Miguel - Açores
16 de Junho - Concerto no Gatilho/ Porta43, Amarante
6 de Julho - Subrock, San Vicente de Alcántara, Espanha

Fenther – Haverá surpresas? Algo preparado na manga?
The Dirty Coal Train– Como referimos anteriormente ao vivo preferimos manter a coisa simples e honesta:rock cru e suado como sempre fizemos e sem “fogos de artifício” para além dos de sempre. Claro que pensamos que há pessoas que se calhar preferem outro tipo de concerto e temos noção que hoje em dia a exigência de algo novo e de reinvenção é elevada, mas se há bandas para as quais faz sentido estar sempre atrás dessa inovação já nós estamos contentes com o som que fazemos, não nos identificamos com essas mutações fundamentadas numa procura de novos públicos e gostamos do nosso rock simples, honesto, enérgico e cru.

Fenther – Como está a música nacional na vossa opinião? O que recomendam?
The Dirty Coal Train– Sentimos que o nosso campeonato é um pouco à parte. Mesmo quando ouvimos falar em “música independente feita em portugal” não somos colocados nesse grupo e também não nos identificamos com a metodologia e método de funcionamento (e na maioria dos casos com a sonoridade). Temos uma abordagem DIY mais próxima do Punk do que daquilo em que se tornaram os grandes nomes da música independente nacional e sentimo-nos mais em casa em nichos como os da editora Hey Pachuco e toda a malta que faz o Barreiro rocks (The Act Ups, The Brooms, Conan Castro & Moonshine Piñatas,...), com a malta de Coimbra (Parkinsons, Twist Connection, Subway Riders, Wipeout Beat,...), nos concertos punks do Disgraça, nas compilações e festivais do “Baixa Isso olha os Vizinhos”,…
Assim de repente recomendamos os álbuns dos Parkinsons, dos Volcano Skin, dos Twist Connection, de Suave e dos Wipeout Beat!

Fenther – Mensagem final...
The Dirty Coal Train– Sejam curiosos, não fiquem pela musica que vos impingem e vão a concertos de bandas novas. Por vezes há melhores surpresas ao virar da esquina que no maior festival.

Vitor Pinto



      geral@fenther.net       Ficha Técnica     Fenther © 2006