O NOS Primavera Sound está de volta!

Arrancou calmamente e com tudo a que tem direito!
Teve a tradicional chuva. Teve o ambiente que ilustra o manto verde do parque da cidade. Teve o indie rock poderoso que se sentiu pelos norte-americanos Built to Spill. Teve o som urbano que preencheu boa parte deste dia, tendo à cabeça a também norte-americana Solange Knowles sobre um cenário branco e preto, acompanhada por uma excelente banda que mantinha o groove numa noite fria e molhada.
Teve os habituais sons electrónicos no palco Bits. Teve as novas tendências onde as meninas Let’s Eat Grandma foram grandes. Enormes. Momentos para se guardar na alma. E teve os clássicos. Os Stereolab continuam em grande momento criativo e funcional, fazendo recuar no tempo um bom par de anos sem nunca perder o sentido da actualidade. Perfeito. E teve o grande Jarvis Cocker. Dono e senhor de qualquer palco. Simples, simpatia constante, cru e verdadeiro. O álbum “Jarv is” foi desembrulhado fielmente pela sua banda de calibre perfeito e pela sua presença icónica deixando o NOS Primavera Sound rendido a seus pés. Um Senhor!

Segundo dia com recinto cheio para a curiosidade e até mesmo adoração de J Balvin. Há quem goste. Conseguimos lavar a alma com mais uma brilhante prestação de Interpol. Desta vez no palco Seat sobre uma sonorização perfeita numa apresentação deliciosa de "Marauder". Quem também regressou foi James Blake que hipnotizou o festival na reta final do dia. Foi mágico. Branko e David August ligaram o sistema para a dança enquanto Fucked Up as destruía no bom sentido com o poder e a devoção. Outro bom regresso ao Porto. Um dia estranho mas com muitas pérolas pelo meio.

Terceiro dia a começar com a recepção de boas vindas logo no pórtico da entrada com os Shellac como forma de agradecimento ao lugar cativo neste festival. No outro canto oposto Lena d' Água e Primeira Dama servia de chill out ao sol enquanto se carregavam baterias para a bomba Viagra Boys no palco Seat. Um "Olá Barcelona" e o disco "Street Worms" a rodar com toda a garra e vontade com Sebastian Murphy em estado de graça a tornar este, num dos melhores concertos do festival. A tranquilidade foi reposta com Tomberlin e com Big Thief. Excelentes ao cair do sol. Jorge Ben Jor arrastou multidões com ele. Snail Mail espalha ternura com o registo "Lush" nesta primeira vez em Portugal. Apaixonante esta Lindsey Jordan. Guided by Voices e Amyl and The Sniffers na mostra que o rock continua vivo e bem vivo como provou a banda australiana. Tirzah em doses dançantes para aquecer a noite fria e Rosalía encantou e brilhou para uma imagem humana que se dobrou à sua passagem. Do outro lado Kate Tempest usou a sua arma para conquistar o Porto. A palavra, ritmos e mensagens num britânico que a caracteriza. Low poderosos e em grande forma na distorcida apresentação de "Double Negative". E já que volvemos uns anos, Neneh Cherry a guiar-nos numa viagem dub, jazz e Jamaica. Continua em pela forma, tal como já o havíamos provado em "Broken Politics". Enquanto isso, Modeselektor faziam estragos dançantes no palco Seat com toda a sua artilharia germânica. A fechar os palcos principais do NOS Primavera Sound e com meia hora de atraso, outro nome de peso e cheio de misticismo. Erykah Badu encarnou a pele de pássaro e vou pela soul e pelo rock negro e tomou conta das nossas existências. Existências essas que regressam para o ano ao som dos Pavement entre os dias 11 e 13 de junho.

Após oito edições, o festival nada perdeu. Reinventou e voltou a dar o que todos nós precisamos. Saudar os clássicos, aprender com as novidades e descobrir as tendências globais. O recinto foi uma vez mais redesenhado para que todos em harmonia musical, possamos viver a música, na música e com a música. ☆


NOS Primavera Sound 2019
Fotos: © Sara Sofia de Melo



            

                        


    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

    

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