Laurus Nobilis Music Famalicão 2017 | 27, 28 e 29 de Julho

Pelo terceiro ano aconteceu o festival Laurus Nobilis em Louro, uma pacata freguesia no concelho de Vila Nova de Famalicão.
A grande novidade deste ano foi a existência de um palco Revelações com acesso gratuito, onde se deu visibilidade a bandas emergentes e que, no primeiro dia, emprestou o espaço ao festival de música da juventude famalicense.

Dia 28

O dia foi dedicado exclusivamente ao Heavy Metal, e pela quantidade de pessoas que passaram pelo recinto, cerca de 3000, se mostra que este género musical tem espaço no nosso mercado.

Às 16h30 os Stucker abriram o Palco Revelações, seguidos dos Skinning, uma banda de death metal de Guimarães que cumpriram pela qualidade sonora e atitude em palco, apesar da pouca afluência ao recinto, provavelmente devido à hora.
Os In.Verno, banda oriunda de Vigo e cuja sonoridade dark metal é visivelmente influenciada por bandas como os Lacuna Coil, Dark Tranquility ou Dream Theater, fecharam os concertos deste palco com chave de ouro.

Pelas 20h as atenções deslocavam-se para o Palco Porminho onde os Final Mercy brindaram a audiência com um som agressivo e uma voz potente a dar bons indícios sobre o que se passaria no resto da noite. Foram seguidos pelos Urban War cuja energia em palco deu gosto de assistir. Com garra e uma vontade acima da média de mostrar do que são capazes, provaram que são do melhor que se vai fazendo dentro do género, em Portugal.
A plateia começou a ficar composta quando os portuenses Heavenwood entraram em palco com o seu gothic metal, aquecendo os ânimos para os senhores por quem muitos esperavam... os finlandeses Amorphis.
Foi o concerto da noite, entraram em palco triunfantes e com uma postura muito própria arrebataram todos os que assistiam. São uma mescla de metal progressivo, folk metal e death metal, criando uma sonoridade singular e brutal em que os músicos são os reis do palco sem grandes produções à mistura.
Para fechar a noite, quem melhor que os Holocausto Canibal? A banda de grindcore é conhecida por ser uma das bandas portuguesas de música extrema com mais projecção no cenário mundial e não deixaram ninguém indiferente. A plateia rapidamente foi transformada num mosh pit, aliado a muito crowd surfing, deixando claro que foi a melhor escolha para o fecho desta noite.

Dia 29

À hora marcada no Palco Revelações, os Scream Of The Soul abriram as hostilidades do terceiro e último dia deste festival, reservado a sons mais alternativos. A jogar em casa, a banda presenteou a parca plateia com um Hard Rock bem estruturado acompanhado por uma potente voz. Com os changeovers a decorrerem de uma forma mais oleada que no dia anterior, subiu ao palco a banda luso-espanhola Tears In Rain. Carregando uma clara herança dos anos 90, o trio de Barcelona envolveu os ainda poucos espectadores numa performance plena de entrega. De lamentar apenas a interferência do soundcheck no palco principal, ainda que de forma intermitente, factor que não esteve presente no dia anterior. A fechar os concertos da tarde, os New Mecanica trouxeram um maior peso ao palco gratuito, numa actuação exemplar. O quinteto do Barreiro é um caso de longevidade e experiência no panorama nacional, revelando-se uma excelente aposta neste ambiente.

A abertura do Palco Porminho ficou a cargo dos famalicences Grandfather’s House. Os três elementos apresentaram-se em palco numa disposição pouco comum, de alguma forma intimista sobretudo na forma como comunicavam entre si, não descurando os presentes. O céu nublado pareceu afastar o público que lamentavelmente não assistiu a uma interessante fusão entre a bateria forte, as teclas poderosas e as guitarradas ofegantes num espectáculo no mínimo intenso.

Alguns problemas técnicos atrasaram o início da actuação dos Killimanjaro, que acabou por ser um factor benéfico pois foi nesse impasse que se começou a compor a plateia. Donos de um rock puro, sincero e sem rodeios, lançaram-se numa potente actuação de quase uma hora que não deixou ninguém indiferente. De poucas palavras, o frontman “maltrata” as cordas vocais de uma forma contagiante enquanto lida com as seis cordas donde brotam riffs rápidos e precisos, seguidos de perto pelo poderoso baixo e pela explosiva bateria.

Um dos momentos visivelmente mais aguardados da noite era a presença dos PAUS no palco principal. Com a sua invulgar secção rítmica, é impossível ficar indiferente à energia que disparam das suas duas baterias. Como seria de esperar, puseram o público em êxtase em pouco tempo com um repertório que prendeu a atenção de todos, apesar da chuva que começou a cair. Foram muitos os que resistiram à meteorologia até ao fim da prestação da banda lisboeta que já dispensa apresentações.

Os britânicos Neon Animal entraram em cena pedindo desculpa por terem trazido o clima típico da sua terra natal. O frenético vocalista enfrentou a plateia confiante e à-vontade, embora por vezes demasiado à vontade. No entanto a banda acabou criar alguma empatia à medida que avançou pelo alinhamento que apresentava aos espectadores, na sua maioria desconhecedores do projecto. Ao longo de 60 minutos celebraram o Rock n’ Roll numa mistura de glam e hard rock.

Após umas palavras em tom de agradecimento por parte da organização, os cabeças de cartaz Linda Martini subiram ao palco de forma algo tímida, assumindo os seus respectivos lugares na formação. Isto apenas até surgir o primeiro acorde, quando todos se transformam em energia e intensidade. Apesar de algumas movimentações menos saudáveis no relvado, que pareceram de alguma forma afectar o ambiente geral, a banda combateu esse factor com naturalidade e respondeu à altura com o melhor que tem para dar. Em cerca de hora e meia de concerto, varreu a sua discografia de forma inteligente, com um encadeamento perfeito entre músicas. O entusiasmado público despediu-se desta noite com calorosos aplausos, visivelmente satisfeitos com o que tinham assistido.

Uma nota final para a organização pelo empenho, profissionalismo e vontade com que puseram de pé este evento. Uma gestão dos espaços muito bem conseguida numa localização adequada contribuiu para um ambiente geral de satisfação. Os excelentes palcos e a elevada qualidade sonora de cada um deles (e obviamente das respectivas equipas técnicas) é facto revelador do esforço da organização do Laurus Nobilis Music Famalicão 2017 em proporcionar experiências de concerto acima da média em acontecimentos desta dimensão. ☆


Texto: Ricardo Canelas
Fotos: Carla Francisco



      


      

Skinning


    

In.Verno

    

    



Final Mercy

    

    

Urban War

    

Heavenwood

    

    

    

Amorphis


    

    

    

Holocausto Canibal


    

    

    

Scream Of The Soul

    

Tears In Rain

    


New Mecanica

    

    

Grandfather’s House

    

    


    

Killimanjaro

    

    

    

    

PAUS

    

    

    

Neon Animal

    

    

    

Linda Martini

    

    

    

    


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