Crónicas

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Outubro 2012

Crónica de Outubro

“Coexist”... A faixa que Bono Vox exibia na sua cabeça, qual faixa 'karaté kid', no concerto em Alvalade em 2005, onde os U2 apresentavam a “Vertigo tour”. Uma mensagem que muitos questionaram o seu significado, mas que ficou gravado na memoria de todos nós que marcamos presença em Lisboa. Hoje “Coexist” dá nome ao segundo e muito aguardado registo dos britânicos The XX. Do negro passam para o branco, mas deixam sempre a letra X em grande plano para que não seja mudada muita coisa. E na verdade este segundo disco, continua com a mesma linha sonora, o mesmo encanto, as palavras e o sentimento X estão bem presentes neste disco saudável. Não há aqui surpresas. Esta malta mantém-se fiel à sua sonoridade e seguem a sua linguagem obscura como se comprova nos discos e nas suas actuações ao vivo, tal como pude comprovar em 2010 no palco secundário do festival Optimus Alive em Oeiras onde apresentaram o seu álbum homónimo na integra, com a mesma sequência de alinhamento de temas e com um som perfeito , qual disco a tocar nas nossas cabeças. No Primavera Sound do Porto, já se apresentaram mais desalinhados a nível de temas onde deixaram já, pequenas amostras deste “Coexist”, mas a parte criativa em palco continuou a ser limpa com carimbo X gigante mesmo por cima das suas cabeças.

Na mesma caminhada melódica intensa e simultâneamente suave, aparecem os japoneses Mono, com um fantástico disco de seu Nome “For My Parents”. Quem diria que após oito anos, ia ouvir um som de encanto e profundamente inspirador, depois de os ter absorvido intensamente na Ribeira do Porto, quando o Bar Mercedes, a rebentar pelas costuras, quase explodia ao som dos Mono, com todo o poder, toda a energia e toda aquela carga sonora que parecia exterminar toda a gente. Segundo palavras dos próprios, tocar em espaços pequenos é excitante pois é mais fácil eliminar toda a gente com as bombas sonoras e os decibéis elevados ao extremo. Felizmente sobrevivemos todos a este 26 de Março de 2004, para hoje ouvirmos este disco que nos transporta em sonhos e nos faz levitar sobre estas 5 orações sonoras.

E ainda bem que sobrevivemos todos em 2004 para também hoje, absorvermos o novo disco dos Archive. Um álbum que nos faz sentar confortavelmente, faz-nos pensar e só depois nos obriga a movimentar em tamanha devoção, sempre à volta deste “With Us Until You're Dead”. Um perfeito regresso destes londrinos que cada vez mais se aproximam, e ainda bem, dos Dead Can Dance. Isto é bastante saudável sem duvida. Dead Can Dance que regressaram também ao activo após 16 anos de ausência. Das sombras surge a noticia que esta dupla vai regressar e há rumores de uma vinda a Portugal. Antes de qualquer certeza os bilhetes voaram na Casa da Musica com bastantes meses de antecedência. A bilheteira não teve mãos a medir e os bilhetes para o concerto no Porto esgotaram em minutos. Quebrado então todo o silêncio espiritual da banda de Lisa Gerrard e Brendan Perry , é nos oferecido este “Anastasis” como uma dádiva em formato de pedido de desculpas pelo longo retiro. Mais um grande disco.

Só nesta pequena crónica, quatro discos a motivaram e a dar animo nesta segunda metade do ano de 2012. Quero mais. Exigente? Não... Guloso!!!

Vitor Pinto - Outubro 2012

Vitor Pinto escreve on-line às terças feiras.

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