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Crónicas

Setembro por Coimbra

O novo single dos britânicos Muse foi uma tamanha desilusão. Para mim, foi o fim dos Muse. Um tema muito esponjoso, sem condimentos, sem os arranhões que este trio nos habituou. Enfim... um tema de Mamamamamamamerda!

Quem viu a banda de Matthew Bellamy no Festival Ilha do Ermal às seis da tarde a abrir o dia para um cartaz potente com Deftones, Limp Bizkit ou os Therapy?, estando Bellamy nessa altura com o seu visual azulado na cabeça ou quem viu os Muse num Hard Club em Gaia a abarrotar de curiosos e de descobridores de uma banda que iria explodir meses depois... Enfim! Concerto este no Hard Club que ficou igualmente marcado na memoria por ter tido na primeira parte da noite, os desconhecidos Millionaire. A banda belga idealizada por um ex dEUS que aqueceu bastante a noite com o poder de uma actuação feroz e glamourosa em palco e com temas orelhudos capazes de fazer dançar um ouvido mais duro que aguardaria pela banda que 10 anos mais tarde vem desiludir com este single de Mamama... Aguardaremos pela audição do restante “The 2nd Law” ou passemos já à espera do sucessor deste registo, capaz de fazer esquecer esta 'Madness'.

Pelo outro ouvido entra deliciosamente o novo da excêntrica Cat Power. Um disco que brilha ao “Sun” e que tem feito delicias cá por estes lados. Tripla fantástica logo na abertura com “Cherokee”, “Sun”, e “Ruin”. Há aqui temas refrescantes e muito bem conduzidos por Chan Marshall, e há uma obra de 10 minutos, que solicita a ajuda do mestre Iggy Pop para tornar o tema mais suculento e perfeito. “Sun” é para se consumir ainda nos últimos raios fortes de sol deste ano e para aquecer nas longa noites que se aproximam. Cat Power aqui em grande dedicação, em perfeito estado sóbrio, ao contrario do que aconteceu no emblemático concerto que Chan Marshall apresentou em 2003 no saudoso Blá Blá em Matosinhos, quando a senhora, sobre efeitos não aconselháveis, apresentou uma assombrosa actuação de 20 minutos, carregada de revolta, fúria, álcool e muito rock'n'roll. A sua guitarra quase voou sobre as nossas cabeças... Mas apesar de tudo, a sua aparição ficará para sempre na nossa memoria. Hoje volta a fazê-lo!

Sobre as cores nacionais, é de louvar o regresso dos Ornatos Violeta aos palcos. Uma banda desaparecida há mais de uma década, semeia projectos deliciosos em todas as direcções e todas essas ideias parecem resultar, e quando alguém teve a brilhante ideia de reunir a banda de Kinorme, Ilidio, peixe, Nuno Prata e Manel Cruz em palco, forma-se um movimento anormal por estas paragens. Nunca uma banda nacional sofreu este surto de curiosidade e saudosismo.
Nunca outra banda conseguiu esgotar seis coliseus (3 no Porto e 3 em Lisboa) e mais um nos Açores. Quem os viu em Paredes de Coura e presenciou toda a loucura que se criou no ultimo dia do festival, aposta num regresso aos discos da banda portuense. Quem presenciou aquele concerto carregado de energia em torno do registo “O Monstro Precisa de Amigos” acredita que esta malta pode-nos dar ainda mais. Muito mais. Depois de um Outono a residir nos Coliseus nacionais, poderá haver hipótese de mais alguma coisa. Para já... Sold Out para os Ornatos. Um feito de louvor!


Vitor Pinto
Coimbra - Setembro 2012


N.R. - Já ouvi o novo disco dos Muse e... Vamos dar um tempo ok Muse? A serio... Não vai dar para já!




Vitor Pinto escreve on-line às terças feiras.


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