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Crónica de Nuno Ávila - RUC
Setembro 2006

A ARTE DE PROMOVER

Promover uma banda tem a sua arte a sua ciência. É como vestir uma roupa para ir a uma festa. O fato mostra o nosso gosto. Mostra a nossa alma. Mostra como nos queremos mostrar aos outros. E não é necessário comprar roupa nas lojas mais caras para fazer um vistão. Basta saber combinar as cores.

Nos dias que correm, são cada vez mais as bandas e editoras que remetem para segundo plano a tarefa de promoção, esquecendo que ela é tão importante como o acto de gravar ou de afinar uma guitarra. A banda ou editora só é algu ém se se der a ver. Se disser que existe.
Se por um lado a net veio facilitar a forma de dar a conhecer música, por outro tornou o contacto com o meio musical de tal maneira frio que at é constipa.
Hoje é com a maior das naturalidades que se envia um mail dizendo: “somos a banda x, para nos conhecer e se queres passar música nossa no teu programa vai sacar o nosso som ao MySpace ou à nossa página”. Por vezes, e at é parece mentira, nem a morada da página indicam.
Primeiro, fiquem os músicos desde já sabendo, que um tema sacado, tem muito menos qualidade do que um gravado devidamente num cd. Segundo, que são às dezenas os mails deste teor, que nós, os que divulgamos música recebemos. Passávamos o dia inteiro frente ao computador a ler o correio e a descarregar temas. E a tarefa não se faz num abrir e fechar de olhos.
Depois não basta pegar num envelope e meter lá dentro um cd com música. O mesmo deve ter uma capa, com o nome dos temas. Chegam para passar muitos cds que apenas trazem escrito na parte de fora do envelope o nome da banda. Parece mentira, mas é a mais pura das verdades. Se um cd é feito com o intuito de dar a conhecer uma banda junto dos m édia, editoras, e agentes de concertos, é bom que traga um contacto na capa. Depois será de bom tom apresentarem-se. Juntem uma bio. E se desejarem ser mesmo profissionais juntem fotos.
Antes de ouvir a música são os olhos que comem. E entre escutar um simples cd e um que mostra bom gosto, a opção é a coisa mais simples de fazer.

E é esta a primeira forma de ver o empenho com que músicos ou editores levam a fundo o seu trabalho. Mas atenção que o mail é igualmente um excelente caminho para darem a conhecer a vossa actividade. É a melhor forma, por exemplo, de divulgarem a vossa lista de concertos. Mas igualmente, conv ém chamar a atenção, de que para os sítios mais importantes, da vossa lista de contactos, o tratamento deve ser VIP. Ou seja, antes de tudo, o primeiro passo a dar, é o do envio da vossa demo ou edição.
É que é muito frustrante receber mails de bandas e não ter som para passar no programa. Pedir duas ou três vezes e nunca receber um disco é outra coisa que muitas vezes acontece, e que só mostra falta de empenho e desorganização. Por vezes at é parece que estamos numa de massacre. Mas acreditem que fazemos este trabalho por vós. Pela música portuguesa. E se não forem vocês a dizerem que estão presentes, não esperem que outros vos promovam.
Da nossa parte, deve ser feito algum trabalho de campo. Pesquisa. Envio de alguns mails. Contacto directo em concertos. Tamb ém nós nos devemos dar a conhecer. Bandas e editoras procurem por nós, aqueles que já mostramos que temos alma. Que levamos o nosso trabalho ao mais fundo do peito lusitano.

Todos juntos seremos muitos mais, para provar que a música nacional está de boa saúde, e que se consegue promover sem ter de andar a dormir à sombra de quotas castradoras.

Nuno Ávila

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