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Crónicas
Abril 2008

Danças(?)

Não acredito em “paz-e-amor-na-Terra”. E, se tal fosse possível, penso que morreria de tédio. Não acredito que todos possamos dar as mãos em harmonia. Mas acredito que alguns podem. Nem que seja por uma ‘noite [folk’].

Folk[lore]. Voltar a um passado dos nossos avós. Quando as danças tinham mil e um significados: entre eles, a sedução, mas sobretudo a partilha. Trazer tradições quase-esquecidas a um presente nosso. E para além de se recuar no tempo, viaja-se no espaço: desde as nossas danças portuguesas, vai-se até à Suécia, Estónia, Hungria, Israel, passa-se por França, Itália, Escócia. Não há fronteiras. Pode-se tudo.
Primeiro, aprendem-se os passos-base. Depois, algum treino. As variações. Repete-se até à exaustão. Por fim, inventa-se. Ou há quem comece pelo fim. Pode-se tudo.

Quando, nos dias de hoje, a música ligada à dança e à saída à noite se recheia de uma enorme camada de futilidade e de interesse puramente animal e instintivo, alimentado por uma sociedade consumista [come-e-deita-fora], as ‘Noites [de] Folk’ no Contagiarte oferecem-nos uma lufada de ar fresco, funcionando como escapismo a quem pretende refugiar-se de toda uma nova geração que se degrada e se orgulha disso mesmo. Enquanto a consistência de uma é simplesmente oca [espreme-se e nada sai], na outra o sumo é bem doce. As pessoas dançam pelo simples prazer de dançar, não interessa com quem; dançam em círculo, dançam a pares, dançam sozinhas, dançam como querem; aprendem os passos, inventam os passos, fazem outra coisa qualquer; e antes de dançar, sorriem para o par que lhes calhar.

Todas as Quintas-feiras à noite, no piso de baixo do Contagiarte, há as chamadas ‘Noites Folk’, com o Osga a passar música. Todos os últimos Sábados de cada mês, os Bailebúrdia, banda folk do Porto, tocam no piso de cima: Osga (tarang, flauta, didgeridoo, gaita-de-foles galega e percussões), Andreia Barão (acordeão e voz), Esther de Leon (guitarra folk, gaita-de-foles galega e voz), Ricardo Coelho (gaita-de-foles galega e transmontana, flautas, percussões e voz), Sérgio Cardoso (flauta transversal, clarinete e sopros), Nuno Encarnação (derbouka, caixa e outras percussões), Sara Barbosa (contrabaixo) e Rute Mar (voz e pandeireta), que orienta as danças de todo o público.
E todas as Segundas-feiras ao fim-da-tarde, Rute dá aulas de danças tradicionais para os interessados.

O Contagiarte, na Rua Álvares Cabral, funciona como núcleo central para onde uma série de artes converge, apoiado pela ACARO (Associação Cultural de Artes Organizadas): desde a dança (folk, latina, africana, oriental), passando pela música (gaita-de-foles, percussão africana), pela escrita e teatro e fotografia e cinema...
Aconselha-se a visita ao site (http://www.contagiarte.pt), onde se poderá obter mais informação sobre os cursos, workshops, exposições, performances, ambientes sonoros, noites temáticas, entre outros.

Outros sites:
- http://www.myspace.com/baileburdia
- http://www.myspace.com/noitesfolk
- http://www.pedexumbo.com/content/view/26/59/lang,pt/ - site do Andanças, ‘festival de dança e música popular de todo o mundo’, onde o espírito é o mesmo do Contagiarte[-folk] e algumas caras se repetem.

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