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Crónicas

Dezembro 2010


Politica vs Concertos em Portugal

Os canadianos Arcade Fire regressaram este ano com mais uma excelente amostra daquilo que sabem criar. O disco The Suburbs parece andar um pouco à deriva, mas o carinho português pelos Arcade Fire faz-se notar bastante, principalmente numa altura em que o concerto é cancelado no Pavilhão Atlântico devido à cimeira da NATO. A revolta fez-se sentir e de imediato a troca da capital portuguesa pela espanhola foi espontânea, levando os seguidores lusos a Madrid para assistir à excelente performance da banda de Funeral e Neon Bible. Assim se perde a oportunidade de assistir ao primeiro concerto dos canadianos em nome próprio por cá e se entrega um concerto deste calibre aos vizinhos do lado. As questões de segurança da dita cimeira foram cruciais para este cancelamento. Mas se fosse um outro nome mais “pesado”, o episódio seria o mesmo? A vontade seria outra? Não sabemos.

O que fica, ou melhor, o que não fica por cá, é a grandiosa prestação ao vivo dos Arcade Fire, eles que dias antes da visita a Madrid apresentaram o seu novo registo no programa televisivo norte-americano Saturday Night Live sobre duas passagens (“We Used To Wait” e “Sprall II”), que para além das energias expostas desta banda única, surgiram colaborações nestes dois temas de Owen Pallett (Final Fantasy) no violino e de Nick Zinner (guitarrista dos Yeah Yeah Yeahs). Nós ficamos a vê-los passar entre Santiago de Compostela e Madrid onde se deu o verdadeiro arranque da tour europeia para este The Suburbs.

Há semanas um grande concerto foi “adiado” devido à cimeira da NATO. Falo dos Arcade Fire.
Depois, recentemente um novo cancelamento de um espectáculo há muito anunciado. O regresso dos Gogol Bordello, concerto este que deveria acontecer no Campo Pequeno, mas que teve de ser desmarcado devido à greve geral que ia, segundo muitos crentes, parar Portugal.

Na minha opinião a figura de Eugene Hütz seria ideal para se unir aos protestos nacionais e em simultâneo animar da melhor forma o espírito dos protestantes.
Seria uma união perfeita entre os protestantes e a euforia punk de Gogol Bordello.
Conclusão: ficamos sem mais um concerto no nosso país e a greve nacional pouco impacto produziu, ficando muito aquém de causar incómodos.

No meio de tudo isto, destes dois acontecimentos políticos, quem saiu a perder foi a cultura e foram os amantes de música ao vivo. Esperemos que não se repitam novos episódios do género em breve, pois corremos o risco de ficar sem as visitas dos melhores nomes da actualidade musical ou até mesmo ficarmos sem concertos ao vivo.


Com Gogol Bordello em plena baixa pombalina a apelar aos gritos de ordem juntando a isso toda a excentricidade musical, seria uma manifestação única e perfeita. Será que alguém pensou nisso?

Vitor Pinto

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