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Mão Morta Aquecem Lisboa ao Vivo

Foi com casa cheia que, no dia 11 de outubro, os Mão Morta apresentaram o seu mais recente trabalho, “No Fim Era o Frio”, no Lisboa ao Vivo.

Durante a espera, sentia-se a agitação de um público que ansiava por reencontrar a sua banda.

O espectáculo dividiu-se em duas partes: uma primeira, em que Adolfo Luxúria Canibal nos deu a conhecer, do princípio ao fim, o novo álbum (e só assim faria sentido), e uma segunda, onde relembrou temas antigos.

“O mundo não é mais um lugar seguro”. Começa assim o concerto, num ambiente onde o som das guitarras e o preto e branco predominam, para contar a história de um mundo sem esperança, vazio, tendo como ideia de fundo o aquecimento global.

Como sempre nos habituou, Adolfo não é apenas um mero cantor. Arriscamo-nos a dizer que simboliza um intermediário, a contar uma história. Uma personagem que, através da sua voz rouca, dos seus gritos e gestos, nos transporta para esse mundo inseguro, onde conseguimos sentir o frio profundo que lhe gela o corpo. Resta apenas a esperança de que “o futuro nos traga a sorte” (…) de uma “morte indolor e rápida, P’ra não sentirmos nada”.

É então que reencontra a sua amada e, detalhada e sublimemente, nos descreve os seus sentimentos e desejos. Mas, subitamente, ela transforma-se num extraterrestre, num inseto gigante, que o agarra e não o deixa fugir. O monstro procura alimento: “de repente, como se me encontrasse fora de mim (…), observo o inseto a decepar-me (…) Acho que foi o meu fim (...) mas não tenho a certeza, pareceu-me ainda ouvir a minha amada dizer: Amo-te. Mas pode ter sido uma alucinação.”. E é com este universo kafkiano que perde o amor e sente falta dele. É como se tivesse perdido a razão de viver. Sente frio, muito frio, e acaba por sucumbir, no chão, o que arranca o aplauso do público, terminando, assim, a primeira parte do concerto.

Após 15 minutos de intervalo, e com um público que se deixou envolver pela história contada, Adolfo Luxúria Canibal retoma o palco com um “Boa noite Lisboa” e, a partir daqui, a noite e a sala nunca mais tiveram frio.

O cenário muda, apresentando-se, agora, em tons de vermelho, com um painel de caretos concebidos pelo colectivo portuense Arara.

Os Mão Morta passam, então, por temas emblemáticos, que nos fazem recordar porque gostamos tanto deles. “Em Directo (Para a Televisão)” arrancou a euforia do público, que cantava em uníssono, e, mesmo antes disso, já gritava “Eu disse "o que é que isso interessa?" Tu disseste "...nada". Com “Barcelona (Encontrei-a na Plaza Real)”, a sala foi ao rubro e, assim que soaram os primeiros acordes de “E Se Depois…”, a explosão foi total. As vozes ecoavam e o mosh invadiu a sala. Terminam em apoteose, com o público a cantar em coro, durante vários minutos, o “1º de Novembro”. Adolfo Luxúria Canibal não resiste, e, em jeito de agradecimento, entrega-se aos braços do seu público, num stage diving, deixando-se levar… Termina, assim, a 2ª parte.

O público grita por “Lisboa” e a banda bracarense, num encore imprevisto, dá a Lisboa…“Lisboa (Por entre as sombras e o lixo)”. Depois, “Vinha pela estrada fora a Liberdade. Encoberta pela noite das sombras”... Terminam, assim, com “Anarquista Duval”, de forma estrondosa e em completa euforia, fazendo o chão estremecer, relembrando porque são (provavelmente) uma das melhores bandas nacionais, somando mais de 30 anos de carreira.

Atrevemo-nos a dizer: já não está frio, aqui! ☆

Texto: Diana Silva

ALINHAMENTO:

Acto I – No Fim Era O Frio
O Despertar
O Mundo Não É Mais um Lugar Seguro
Um Ser Que Não Se Ilumina
Quem És Tu?
Oxalá
Passo o Dia a Olhar o Sol
Deflagram Clarões de Luz
Invasão Bélica
A Minha Amada
Isto É Real?
Sinto Tanto Frio

Acto II
Pássaros a Esvoaçar
Sitiados
Hipótese do Suicídio
Tu Disseste
Em Directo (Para a Televisão)
Barcelona (Encontrei-a na Plaza Real)
Vamos Fugir
E Se Depois…
Bófia
1º de Novembro

Encore
Lisboa (Por Entre as Sombras e o Lixo)
Anarquista Duval