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#fenther (opinião)


O primeiro contacto intenso com a banda escocesa aconteceu durante uma visita turística a Londres. Por entre inúmeras novidades e excentricidades em pleno Candem Market, por entre uma ou outra visita ao local sagrado do mundo alternativo londrino, a música fez-se ouvir. Uma audição diferente... Ouvir "Loaded" naquele momento, foi como um momento mágico. Algo que bateu naquele instante. Algo que marcou e que ainda me faz recordar esse momento, passados mais de 20 anos. Aquela não tinha sido a primeira vez que tinha encontrado os contornos sonoros da banda de Bobby Gillespie. Em contacto com o mundo radiofónico alternativo da Radio Universitária do Minho, como ouvinte e como profissional de radio, o álbum "Screamadelica" era tratado como uma peça sagrada. Como um disco futurista, intenso e inspirador. Um álbum que foi consumido em todos os contornos, quer pelo conteúdo que nos oferecia autenticas pérolas como "Loaded", "Movin' On Up", "Come Together" ou "Higher Than the Sun", quer pelo divertido desenho gráfico da capa do disco, que hoje, após quase 30 anos, ainda ilustra as listas dos melhores discos de sempre.Depois daquele encontro de 1º grau com "Loaded" em Londres, a busca à discografia dos Primal Scream foi intensa. Por entre uma Virgin, uma Bimotor, uma  Roma Megastore, uma Tubitek ou uma Valentim de Carvalho no Porto, a colecção foi ganhando uma forma intensa entre CD's e Vinil. Toda a discografia foi conquistada e guardada religiosamente até estes dias.

Corria o ano 2000 e o anúncio da vinda dos Primal Scream a Arcos de Valdevez para o festival onde também oferecia bandas como Cranes, The Fall, Einstürzende Neubauten, The Delta 72 ou Death in Vegas. Festival único, intenso e carregado de história. Um dos momentos marcantes maspela negativa desse festival, foi o cancelamento dos Primal Scream, tendo Mani como porta voz da banda, a anunciar em video transmitido em palco, a ausência de Bobby Gillespie em Portugal na hora do concerto. A banda estava presente mas, segundo as más línguas, Gillespie estaria também em Portugal mas em estado impróprio para se expor em cima do palco. Cancelamento de última hora que nos ofereceu 3 horas de Einstürzende Neubauten, mas que a mim pessoalmente, manchou e adiou a estreia live da banda escocesa. A estreia veio a acontecer 3 anos depois. Durante uma das tardes no Festival Vilar de Mouros em 2003, caiu-me um flyer milagroso nas mãos que anunciava Primal Scream em Vigo. Oportunidade única. Tudo planeado e a estreia no Parque de Castrelos na cidade de Vigo foi unida à estreia, finalmente conseguida, de ver a banda em palco. Explosão de prazer.
A dose foi repetida no mesmo ano, mas em outro contexto completamente diferente. Os Primal Scream foram anúnciados para fazer a primeira parte do concerto dos Rolling Stones em Coimbra, logo após a actuação dos Xutos & Pontapés. Da grade frontal do palco de Vigo, ao camarote altaneiro do recente Estádio Cidade de Coimbra, a vibração foi diferente mas constante. Serviu para avivar a memória de um concerto intenso. Em 2008 o Festival Paredes de Coura apresentou os Primal Scream como cabeça de cartaz do segundo dia, onde habitavam os Editors e os The Rakes. Um dia memorável recheado de energia e bem estar sonoro, num cartaz também ele histórico que continha entre outros, Sex Pistols, The Mars Volta, dEUS e Lemonheads.

Onze anos e alguns meses, voltei a encontrar uma das bandas que me acompanhou sonoramente ao longo dos anos. A vontade era imensa e num Hard Club curioso e também ele desejoso de sentir os Primal Scream, o palco foi demasiado pequeno para tamanha aparição em palco. Bobby Gillespie mergulhou, com o seu traje cor de rosa vincado, nos variados hinos que fizeram destes 35 anos uma banda respeitada e venerada. O motivo para este regresso a Portugal foi a compilação "Maximum Rock'n'Roll - The Singles". Por entre tantos clássicos havia uma novidade na formação. Mani regressou aos "seus" The Stone Roses o ano passado, dando lugar a Simone Butler no baixo. O resto foi servido em belas 18 doses de hits criados ao longo dos anos pelo antigo baterista do The Jesus and Mary Chain. Na bandeja surgiu o electrónico "Don't Fight it, Feel it", o clássico "Swastika Eyes", o energético "Miss Lucifer", o desejado "Can't Go Back", o espacial "Kowalski", o dançante "Kill all Hippies", o melancólico "I'm Losing More Than I'll Never Have", o psicadélico "Higher than the Sun", o simples "Velocity Girl", o convidativo "Dolls", o inigmático "Burning Wheel", o recente "100% or Nothing", o hino "Loaded", o grandioso "Movin' on Up", o rebelde "Country Girl", o emotivo "Come Together", o ritmado "Jailbird" e o festivo "Rocks" a encerrar. Brilhante.

Obrigado Ritmos pela oportunidade. Obrigado Hard Club pelo acolhimento. Obrigado Primal Scream. Por tudo... ★

Vitor Pinto
Foto: Barbara Barreto