A.A.A.
Access All Areas



Estivemos à conversa com The Weatherman, a proposito da edição do àlbum "Eyeglasses for the Masses"

Fenther – Depois de uma década de existência, como está The Weatherman?
The Weatherman – Está no seu auge, provavelmente nunca esteve melhor, artisticamente falando.

Fenther – Motivado para continuar?
The Weatherman – Sim, quanto houver caminho a percorrer.

Fenther – É difícil ser musico em Portugal e viver apenas da musica?
The Weatherman – “É muito difícil sim. Eu abdiquei de muitas coisas que as pessoas consideram como essenciais para as suas vidas em prol do meu sonho. Mas não me arrependo, são escolhas…

Fenther – Quais são os teus ideais? Qual é a tua luta?
The Weatherman – Contribuir para um mundo melhor de alguma forma com aquilo que eu faço, e com aquilo que eu sou e tenho para comunicar. Neste disco, particularmente, acho que estou a oferecer às pessoas lugares interessantes, mundos à parte, onde elas possam entrar e desfrutar de algo bom e positivo. E passar uma mensagem - este disco tem uma mensagem muito forte.

"Neste disco, particularmente, acho que estou a oferecer às pessoas lugares interessantes, mundos à parte, onde elas possam entrar e desfrutar de algo bom e positivo."

Fenther – Quais são as influencias em que mais te moves?
The Weatherman – Eu deixo-me influenciar naturalmente por tudo o que considero ser música boa, independentemente de géneros.

Fenther – Consegues catalogar as tuas criações? Em que prateleira as colocas?
The Weatherman – Na prateleira da boa música pop, intemporal, desligada de tendências e modas.

Fenther – O que ouves em casa?
The Weatherman – Em termos de coisas recentes, tenho andado às voltas com o Tobias Jesso Jr., o último do Brian Wilson, os Electric Light Orchestra, Temples, Tame Impala, Beck, Surfjan Stevens, Benjamim Clementine, por aí. Coisas antigas, voltei a pegar em Crosby Stills & Nash, Neil Young, Keith Jarrett, os Mutantes, também tenho ouvido um disco muito bom dos Fleetwood Mac, que está para eles como está o White Album para os Beatles… muito inspirado e desprendido, e produção sem caganças - gosto disso.

Fenther – A musica nacional está de boa saúde? O que recomendas?
The Weatherman – Penso que sim. Tenho andado a redescobrir o Jorge Palma. Recomendaria o Benjamim, os They’re Heading West, o Bruno Pernadas… por aí.

Fenther – Porquê edição de autor? É mais simples, mais viável?
The Weatherman – Eu não acredito no ponto em que se encontra a indústria musical actualmente. Fabricam-se hypes, com editoras e respectivas bandas que compram o próprio sucesso. E o público engole tudo. Não vou à bola com os meandros so showbizz, acho ôco. O que me interessa é só e apenas a música. Sinceramente penso que o melhor que posso fazer em relação ao estado da indústria musical é ficar de fora dela.

"...sendo que o concerto de apresentação será a 21 de Maio no Passos Manuel, no Porto. Mas vão haver ai umas surpresas…"

Fenther – Satisfeito com o resultado de "Eyeglasses for the Masses”?
The Weatherman – Sim, acho que com este disco me sinto “resolvido” artisticamente. Acho que cheguei a um ponto em que a maturidade me diz claramente que se algo não correr bem com este disco não será por culpa própria, mas sim por factores externos.

Fenther – Como chegaste até ao conceituado Brian Lucey?
The Weatherman – Foi por sugestão das pessoas que trabalham comigo. O disco tinha um lado mais pujante que o normal em relação aos meus discos anteriores. Precisávamos de uma masterização que desse atenção ao músculo que este disco tem.

Fenther – Há convidados neste disco?
The Weatherman – Sim… algumas delas são colaborações pontuais, mas que tornaram o disco ainda mais especial, como o Álvaro Costa e a emmy Curl na “Calling All Monkeys”, a Inês Calafate nas vozes. De resto, tocam no disco o o Nuno Melo e o João André no baixo, o Alexandre Almeida nas guitarras, o João Nuno Almeida na bateria, o Misha Arutyanyan nas cordas, Tiago Ramalhosa e Elisa Cancela, dois jovens alunos da escola de música que ficava mais perto do estúdio onde estávamos a gravar.

Fenther – E ao vivo, quem vais ter em palco?
The Weatherman – Tenho uma banda nova, com o Alexandre Almeida nas guitarras, o Nuno Melo no baixo, e o João Nuno Almeida na bateria.

Fenther – Já há datas? Por onde vais estar?
The Weatherman – Neste momento tenho apenas duas, sendo que o concerto de apresentação será a 21 de Maio no Passos Manuel, no Porto. Mas vão haver ai umas surpresas…

Fenther – Como aparece aqui "Calling All Monkeys" no final do disco? É um desabafo? Um soltar de energias?
The Weatherman – O caso do “Calling All Monkeys” é especial. Por um lado, encaixa no conceito do disco, mas por outro lado em termos de sonoridade, é bastante diferente do restante. Por isso, decidi colocá-la como faixa extra… A música está recheada de ironia… penso que por ter uma leveza maior ajuda a aliviar um pouco a tensão dramática presente no final do disco.

Fenther – Mensagem final...
The Weatherman – Contribuam para um mundo melhor, dando sempre o vosso melhor.

Vitor Pinto